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Conheça o David

Já experimentou uma beringela branca, cenoura roxa ou um rabanete melancia? O produtor da Fazenda Santa Adelaide é experiente no assunto e fornece 20 mil toneladas por mês de alimentos

 

Certificada desde de 2010 produzindo alimentos orgânicos frescos direto para a mesa do consumidor, e tendo como carro-chefe as plantas esquecidas, a Fazenda Santa Adelaide nasceu com o propósito de reconectar as pessoas à comida natural. 

 A frente desse movimento está David Ralitera, um francês que chegou ao Brasil em 2006 para compor o quadro de executivos de uma empresa corporativa, mas resolveu largar tudo para buscar algo que para ele fizesse mais sentido. Foi quando inspirado pelo nascimento das três filhas, justamente naquela difícil fase da papinha, que ele teve a ideia de tornar a convivência das pequenas com a comida mais íntima e prazerosa. 

 “Possuir intimidade com a horta, apaixonar-se pela beleza e o sabor de cada tipo de planta, se sentir responsável e capaz pela sobrevivência delas e consumi-las até mesmo cruas e com um pouco de terra fez toda a diferença. Acredito que quando as pessoas participam do cultivo e entendem melhor todo o processo dão muito mais valor ao que estão comendo, além de tornar a alimentação muito mais agradável“, comenta David. 

 Atualmente, a projeto Santa Adelaide Orgânicos localizado em Morungaba, interior de São Paulo, conta com 30 hectares de hortas certificadas e 150 tipos de plantas são produzidas nesse espaço, entre elas: as plantações de espécies convencionais, da mata atlântica, do nosso bioma, e as famosas espécies esquecidas. Em termos de volume, a produção da fazenda representa 20 toneladas de comidas entregues todo mês em São Paulo, ou seja, 240 toneladas por ano. 

 E para que o sucesso seja garantido, as estações e ciclos naturais da Fazenda Santa Adelaide são respeitados, isso quer dizer que a época de cultivo de cada planta é respeitada. E para mostrar como esse alimento é cultivado e todas as suas fases, David abre a fazenda para visitantes. 

 “A proposta é justamente reaproximar as pessoas ao campo para revelar um mundo esquecido e também repleto de sabores, curiosidades e particularidades”, revela ele.

 Espécies diferentes

O Brasil é detentor da chamada megadiversidade, com aproximadamente 50.000 espécies vegetais, muitas delas esquecidas, como a mandioca de folha roxa, banana vermelha, cenoura roxa, cenoura amarela e cenoura laranja, a beterraba chioggia com uma tonalidade rosa e outra espécie amarela e cinco cores de rabanete: o preto, o rosa, melancia, o branco e o roxo. 

 E para quem não conhece e nem nunca ouviu falar desses tipos diferentes, eles não são novidades do mercado, na verdade são bem antigos, que deixaram de ser cultivados e comercializados com o passar dos séculos. Porém, hoje em dia muitos restaurantes e até mesmo feiras livres se interessam por essas especiarias. O valor pode até ser maior que uma planta convencional, por exemplo, mas quem já experimentou afirma que vale a pena. 

 Alegria e angústia

Tanto vale a pena que o recente crescimento do interesse de chefs de cozinha por essas naturezas tem sido uma grande satisfação para os verdureiros. No entanto, ainda há muito caminho a percorrer, segundo David. Principalmente com relação às expectativas dos consumidores.  

 São Paulo, por exemplo, está enfrentando uma crise hídrica e isso afeta a colheita, porque não há água suficiente para irrigar, prejudicando assim o tamanho da safra e assim como o desenvolvimento dos frutos. 

 “Mesmo assim o consumidor, talvez sem compreender a relação que uma tem com a outra, questiona o tamanho do produto. É preciso estar envolvido e buscar entender. Na lavoura não há mágica! Acredito que adquirir produtos orgânicos vai muito além de pensar no meio ambiente ou na saúde, mas compreender que a natureza, afinal, funciona a partir de um equilíbrio, e a alteração deste provoca uma série de efeitos em cadeia”, aponta o produtor como sendo uma angústia  de quem dedica sua vida a esse negócio.